Marisa Silva | 2023-05-13
Construir instrumentos musicais a partir de lixo de obra. Quer sejam baldes de tinta vazios ou restos de tubos. Este foi o desafio que, na manhã deste sábado, pais e filhos enfrentaram na oficina de música que marcou o arranque do segundo dia do festival MOODS. Em pouco mais de meia hora, os baldes de tinta transformaram-se em tambores e os tubos em saxofones improvisados. Esta é apenas uma das atividades do festival. A festa decorre no Jardim Basílio Teles, em Matosinhos, até domingo.
A oficina de música, dinamizada por Rafael Freitas, é apenas uma das atividades que compõem o vasto programa do festival. Em simultâneo, no jardim matosinhense, decorrem espetáculos de rua, animações itinerantes, oficinas dedicadas ao ambiente, música e jogos tradicionais. E não faltam famílias na festa da sustentabilidade.
A família de André Amálio é uma delas. Este sábado de manhã, na companhia da mulher e dos dois filhos, participou na oficina de música. Juntos criaram um tambor. Bastou um balde de tinta vazia e fita-cola. A família também participou nos jogos tradicionais e assistiu ao espetáculo "T0+1". Trata-se de uma atuação de circo que pretende fazer refletir sobre o direito à habitação, o nomadismo e a necessidade de encararmos o planeta como a nossa primeira casa.
"Achamos interessante estas questões de sustentabilidade e esta preocupação ecológica com o lixo que produzimos. São questões que nos preocupam e que queremos passar aos nossos filhos", contou André Amálio, sem esconder que o facto de o festival ser alicerçado em questões ambientais motivou a presença da família.
"É urgente encarar o problema que estamos a atravessar e fazer os possíveis para que o mundo não acabe. Acho que estamos a atravessar uma fase muito preocupante da existência humana e a maior parte de nós não se está sequer a dar conta do que está a acontecer", referiu André Amálio, garantindo que, no seio, familiar os mais novos também estão envolvidos nas conversas sobre o ambiente.
"Tentamos que eles percebam que o mundo está a mudar e estamos a passar por um período de crise climática e ambiental. É preciso fazer algo e encará-la", afirmou.
Ao lado da família de André Amálio estava Patrícia Duarte e a filha, Helena. Juntas criaram um saxofone. Usaram um bocado de tubo de PVC. Começaram por amassar uma das pontas e lixá-la. Depois, foi só fazer furos ao longo do tubo. "Acho fantástico esta atividade. É importante que ela perceba que se pode fazer música com tudo. Fazemos também de mostrar à nossa nossa filha a importância de preservar o planeta e do contacto com a natureza", disse.
Para Patrícia Duarte, o contacto entre pais e filhos no decorrer da oficina é uma mais-valia: "Brincarmos juntos é fantástico. Para nós e para eles".
Francisco é a prova disso. Tem quatro anos e uma energia incomparável. Ao lado da mãe, divertiu-se a tocar os tambores improvisados na oficina de música. "O Francisco gosta de música. Tudo o que seja tambores ou para bater, ele está sempre pronto", revelou Raquel Cangalhas, considerando que a atividade é uma forma de incentivar os mais novos para reciclar.