Delfim Machado | 2023-05-11
O ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, revelou esta quinta-feira, no Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, que o Governo está a rever o plano de energia e clima e vai antecipar ainda mais as metas definidas para 2030. A antecipação resulta, segundo o ministro, do sucesso dos investimentos em várias áreas ambientais e de sustentabilidade.
Portugal é um dos países da Europa que está a reduzir mais emissões (em 2021 foi o que mais reduziu) e, por isso, o Governo está a rever as metas que constam do Plano Nacional Integrado de Energia e Clima 2030.
Este documento é o principal guia da ação governativa para a energia e clima até 2030 e já estava desatualizado desde que foi antecipada, há cerca de um ano, a meta de incorporar 80% de renováveis na produção de eletricidade. Estava previsto que esta meta fosse alcançada em 2030, mas foi antecipada para 2026.
Agora, no Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, Duarte Cordeiro anunciou que o Governo vai ser ainda mais ambicioso: "Estamos a rever neste momento o plano nacional de energia e clima, que consequentemente vai revisitar a meta da neutralidade carbónica".
Duarte Cordeiro não adiantou quais e para quando serão as novas metas pois o trabalho ainda não está concluído. Prevê, contudo, que a redução das metas resulte do forte volume de investimento, estimado em 60 mil milhões de euros, que Portugal receberá nos próximos anos. "Estamos a falar de 25% do PIB nacional. Queria dar nota que deste volume de investimento pois estamos a falar essencialmente de investimento privado, de empresas nacionais e estrangeiras que estamos a conseguir atrair".
Para esta conta contribuem quatro a cinco mil milhões de euros em substituições de torres eólicas em fim de vida, cerca de 30 mil milhões de euros em eólicas no mar, sete a nove mil milhões de euros de investimento em hidrogénio verde, cerca de mil milhões de euros em ligações e gasodutos, e cerca de 500 milhões de euros na rede nacional de transportes.
Galp tem vários investimentos
Uma boa parte destes investimentos está a ser conduzida pela Galp, essa "minúscula empresa energética a nível mundial, sem qualquer vantagem competitiva, num país sem gás e sem petróleo", como classificou o presidente executivo da petrolífera, Filipe Silva.
No Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, Filipe Silva enumerou vários projetos da empresa, nomeadamente os investimentos na instalação de painéis solares na Península Ibérica, a região que "é uma Meca da produção de energia verde".
A companhia tem projetos no âmbito da conversão de lítio, é líder no mercado nacional de carregamento elétrico e está a lançar um projeto de 400 milhões de euros ligado aos biocombustíveis, para descarbonizar o diesel. "A Galp ainda é vista como empresa de petróleo e gás, mas somos de longe a empresa a nível mundial com um "mix" mais verde, três a quatro vezes mais verde do que o segundo concorrente", assinalou.
Deixou, contudo, um recado para os governantes nacionais e europeus que estavam na plateia: "De nada serve pôr metas ambiciosas se depois as baterias vêm da China e o lítio vem do Chile". Ou seja, é importante que os produtos oriundos de países com piores práticas em Portugal sejam taxados na justa medida, caso contrário a Europa viverá "sozinha e descarbonizada num mundo mágico" quando "a atmosfera é igual para todos".