Adriana Castro | 2023-05-11
Para o presidente da Ordem dos Arquitectos, Gonçalo Byrne, a New European Bauhaus alia a estética à economia, para a criação de um Mundo mais sustentável. Este movimento (res)surge, à semelhança do que aconteceu na Alemanha em 1917, após uma pandemia que mostrou "uma espécie de paraíso perdido do que podia ser uma primeira miragem de um Mundo não carbonizado".
"Porquê retomar em 2021 o tema que tinha surgido na Alemanha na saída da grande guerra e na pandemia da gripe espanhola? A ambição deste documento, que é uma espécie de reflexão estruturalmente cultural e que chama todos, fala das artes. Fala das tecnologias, mas da cultura também, e fala inclusivamente da ambição de uma nova estética e uma nova ética", fez notar o presidente da Ordem dos Arquitectos, Gonçalo Byrne, presente, esta quinta-feira, no Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, em Matosinhos.
"Pela primeira vez percebe-se que o planeta chegou onde chegou porque a relação entre a ação humana e a natureza, que a ameaça é de facto tremenda", reforça.
Será, por isso, através de "novos modos de atuar", descritos no documento da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que "todos estão convocados: os cientistas, os artistas, os arquitetos, engenheiros, políticos, "stakeholders" e os próprios cidadãos". Isto para que "a ação do homem se concilie com a natureza".
Até porque, entretanto, "de novo", na Europa gerou-se uma guerra. "Nestas imagens da guerra, vê-se uma espécie de destruição da civilização carbónica: desde os edifícios, passando pelo território, até ao mundo rural, tudo é queimado com energia carbónica. Não vi nenhum tanque blindado com painéis solares, não vi nenhum biodiesel a ser usado nos aviões ou hidrogénio. É exclusivamente energia carbónica e este espetáculo. A guerra já inverteu a queda da pegada carbónica", observa Gonçalo Byrne, recordando que o conflito deixa uma mensagem subjacente de passagem ao nuclear. Essa mensagem é "ou bullying ou a solução final, em que tudo desaparece, incluindo a própria guerra".
"Esperemos que seja bullying", deseja o presidente da Ordem dos Arquitectos.