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Riopele quer neutralidade carbónica no centenário

Alexandra Lopes  |  2024-07-03


A empresa têxtil Riopele, com unidades em Pousada de Saramagos e Castelões, no concelho de Famalicão, já consegue “reciclar” 50% da água que utiliza no processo produtivo. A redução dos consumos de água, a eficiência energética e o uso de fontes renováveis são aspetos em que a têxtil tem vindo a investir na área da sustentabilidade. Este trabalho, revela Isabel Domingues, diretora de sustentabilidade da empresa, assenta em três pilares: processo, pessoas e produto.

“Nos últimos dois, três anos substituímos máquinas que consomem menos energia mas que também utilizam menos água”, aponta a responsável pelo desenvolvimento sustentável. Ao nível do processo, destaca ainda os “projetos significativos” em curso que levam a que 50% da água utilizada seja tratada na empresa e reutilizada. “Já reciclamos 50% da água do nosso processo produtivo, ou seja, que já não vamos buscar à natureza”, afirma.

Por outro lado, a Riopele tem reforçado as medidas de manutenção preventiva nas captações de água e identificação de eventuais fugas e perdas ao longo do circuito de alimentação de água, para evitar desperdício, e utilizado um sistema de sensorização e monitorização online que ajuda a gestão desde a captação ao abastecimento e à gestão das águas residuais. Há também uma aposta no reaproveitamento das águas pluviais.

Resíduos para reciclagem

A diretora de sustentabilidade sublinha o trabalho que tem sido feito relativamente aos produtos químicos utilizados. “Temos uma série de referenciais para encontrar alternativas mais benéficas para ambiente e saúde. Os fornecedores também já estão sensíveis e sabem que caminho vai ser este”. Por outro lado, os resíduos produzidos são “sempre para ser reciclados, nunca vão para aterro”.

A empresa assume a sustentabilidade como um dos seus pilares estratégicos. Não só no aproveitamento de água e energias renováveis mas também apostando nas pessoas e em produtos sustentáveis. O que, aliás, vai de encontro aos propósitos emanados pela ONU com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que pretende ver atingidos em 2030.

Em 2022, a Riopele mediu a sua pegada de carbono e percebeu que no “âmbito um e dois”, isto é, no que podia fazer diretamente, já havia trabalho feito. “O que tem a ver com a cadeia de fornecimento, podemos influenciar, mas não agir diretamente”. A pegada foi reduzida e a expectativa é continuar. Até porque a meta é atingir a neutralidade carbónica em 2027, ano em que a empresa comemora o centenário.

Reduzir consumo de gás

No ano passado, foi instalada uma caldeira de biomassa que permitiu reduzir o consumo de gás natural das unidades produtivas em quase 70%. “Não conseguimos na globalidade porque temos máquinas no nosso processo de ultimação que utilizam gás natural. No nosso roteiro para descarbonização teremos de estudar uma energia alternativa para essas máquinas”, aponta a responsável.

A Riopele tem também uma central fotovoltaica a funcionar desde 2018, e instalou outra no edifício onde funcionam a fiação e a tecelagem, que deverá começar a trabalhar no próximo mês de agosto. “Há outros projetos em curso mas que ainda não podem ser divulgados”, diz Isabel Domingues, notando que a aposta em novos materiais e matéria-prima reciclada é uma constante na empresa onde há sempre projetos de inovação e investigação e desenvolvimento em curso. O incentivo à partilha de carros para os funcionários se deslocarem para a empresa e a substituição da frota para veículos elétricos são aspetos que estão a ser trabalhados. Mas, as pessoas também são uma das bases da sustentabilidade da Riopele, sublinha a responsável.

A formação para que seja percecionada a importância da sustentabilidade é uma das apostas, assim como a criação de grupos de trabalho, para que todos sejam ouvidos. A realização de sessões de bem-estar, um médico semanalmente e psicólogo são outros elementos destacados pela diretora de sustentabilidade.


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