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Sustentabilidade é missão que começa em casa

Redação JN  |  2025-03-11


A educação para a sustentabilidade do planeta “começa em casa”. É a convicção de Cristina Matos, professora e assessora da Reitoria da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) para a área do Ambiente. “Porque, enquanto país, temos a função fundamental de dar o exemplo, nomeadamente na separação dos resíduos para reciclagem”, justifica. Depois continua na escola e é amplificada no Ensino Superior, porque “não é uma moda”. “Sensibilizar as pessoas para as boas práticas continua a ser o grande desafio”, frisa.

Atenta aos reptos atuais, a UTAD criou recentemente uma licenciatura em Cidades Sustentáveis e Inteligentes, cuja diretora é Cristina Matos. Visa formar jovens para o desenvolvimento de soluções e produtos mais eficientes e inovadores.

O curso surgiu na sequência de “solicitações externas para trabalhos que envolviam este ramo de formação”, aliando “sustentabilidade e tecnologia”. E isto porque “não há pessoas formadas que tenham esta dualidade de noções”.

Como a UTAD já tinha realizado trabalhos de investigação na área da sustentabilidade e tem um grupo a trabalhar em “Smart Cities”, entendeu-se que “fazia todo sentido criar uma licenciatura” na qual se pudesse “aprender o que é sustentabilidade e como é que se pode gerir uma cidade de forma inteligente”.

A docente não tem dúvidas de que “o caminho tem de ser por aí”. Porque “as cidades têm de começar a ser perspetivadas de outra maneira”. E mesmo a reconstrução ou a remodelação de algumas partes urbanas também “têm de ser vistas por uma outra perspetiva”.

Cristina Matos olha para as cidades pelo prisma dos problemas, sejam de “drenagem urbana”, sejam “energéticos e relacionados com as emissões de gases”. “Começamos a ver que as nossas cidades são insustentáveis em termos de futuro”, frisa a investigadora. Ou seja, “calcular os objetivos de desenvolvimento sustentável e agir localmente para os poder cumprir começa a ser complicado”. E porquê? “Porque muitas das vezes não há know-how instalado para se saber fazer e fazer melhor”. Daí a necessidade de serem construídas, por exemplo, infraestruturas de água que, “não prejudicando a função, sejam mais resilientes e mais sustentáveis, para que “não se repitam erros do passado”, nomeadamente “evitando ou diminuindo as perdas de água”.

Cristina Matos há de chamar a atenção para estes e outros problemas na sexta-feira de manhã, na UTAD, durante o “Diálogo pela Sustentabilidade” organizado pelo MOODS – Movimento pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A investigadora acrescenta que “não adianta ter estratégias globais se depois não se conseguirem implementar a nível local e vice-versa”. Até porque existem países em que faz mais sentido abordar um grupo de ODS e há outros em que é mais pertinente fazer uma abordagem diferente”.

Os ODS que mais sentido fazem em regiões como Trás-os-Montes e Alto Douro, área de ação da UTAD, são os que envolvem a “igualdade de oportunidades” e o “desenvolvimento sustentável”. E isto porque a região “ainda preserva grande parte dos seus valores ambientais”, embora sofra com o flagelo do despovoamento e seja necessário “acompanhar a sustentabilidade dos indicadores económicos e sociais”.

“É na falta de pessoas que se focam as carências”, acentua Cristina Matos, enquanto responsáveis por “ajudar a manter costumes e práticas de sustentabilidade social”. São práticas que “têm sido abandonadas devido ao despovoamento”. Exemplifica com as hortas urbanas, que hoje se fazem nas grandes cidades, “até no meio de um autoestrada”, enquanto os territórios do Interior “sempre foram ocupados por lameiros e agricultura sustentável e biológica, e que nunca foi preciso esforço para existir esse tipo de atividade”. O problema é que, atualmente, “não há quem o queira fazer”, pelo que “tudo se centra nas pessoas e na falta delas”.


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