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"Por trás da macroeconomia estão as pessoas, com os seus problemas micro"

Ana Correia Costa  |  2023-05-12


Presente no segundo e último dia do Fórum da Sustentabilidade, que decorre em Matosinhos, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou que é preciso "nunca perder a ideia de que a sustentabilidade é para as pessoas", e que um dos grandes obstáculos se prende com a pobreza.

"Temos de olhar para a macroeconomia, mas perceber que, por trás da macroeconomia estão as pessoas, com os seus problemas micro", referiu o chefe de Estado, frisando a necessidade de "olhar para esse desafio.

"Como vamos compatibilizar os setores que avançam mais depressa, atingindo as metas mais depressa e contribuindo para números macro muito bons, e aqueles que beneficiam colateralmente desses avanços, mas não avançam tão depressa?", questionou.

A sustentabilidade "não é para ter metas melhores, objetivos melhores. Não é para apresentar resultados melhores. É para as pessoas viverem melhor, na sua vida económica, social e cultural", vincou o chefe de Estado. "E, se assim é, surge um problema, e o grande problema é que já existem desigualdades. A sustentabilidade não pode ignorar que uma das suas preocupações é reduzir as desigualdades. Desde logo, as desigualdades entre os povos", salientou Marcelo Rebelo de Sousa, salientando que "um mundo desequilibrado é um mundo que tem conflitos e guerras".

Para o presidente da República, quando se fala em sustentabilidade "falta qualquer coisa, e o que falta é o que chamaria uma ponte entre uma visão tecnocrática, economicista ou quantitativa da sustentabilidade e a alma da sustentabilidade. Fazemos isto porquê e para quem? Pelas pessoas".

Frisando que é necessário apostar naquela ponte, Marcelo lembrou que "as metas de desenvolvimento para 2030 têm objetivos sociais, e o primeiro é acabar com a pobreza. Mas ninguém se preocupa muito com esse objetivo, que é difícil de medir, e de medir à escala universal. Ninguém se importa muito com o facto de o mundo estar mais pobre em alguns aspetos, algumas áreas e zonas". O chefe de Estado deixou ainda o alerta: "a diferença entre os ricos e os pobres é cada vez maior".


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